A trajetória do CR-V não é tão longa, mas ele já possui um currículo variado. O veículo nasceu em 1997 com o formato clássico de jipe, com direito até a estepe preso na tampa do porta-malas. Na década seguinte novos conceitos surgiram e o veículo da Honda assumiu então em 2002 a forma de SUV e na linha seguinte, em 2007, foi convertido a crossover. Enfim na quarta geração, o modelo se mantém na classe dos crossovers no mais puro sentido do termo, mas desta vez com mais tecnologia e sofisticação.
Tem marca que chama SUV (Veículo Utilitário Esportivo) de crossover e vice-versa. No entanto são categorias bem diferentes, apesar da semelhança estética. Crossovers reúnem características de outros segmentos, como a boa dirigibilidade de um sedã, a versatilidade de uma minivan e o porte de utilitário. Em outras palavras, é um automóvel comum, mas com cara de jipe. Entendidos?
O novo formato ficou justo no CR-V 2012. A reforma deixou o carro mais bonito, embora a traseira pareça uma cópia do Volvo XC60, especialmente pelo desenho das lanternas. Na parte frontal, as linhas revigoradas com um toque de esportividade deixaram o visual do modelo jovial e atual. A linha anterior já parecia “cansada”.
A cabine também traz uma série de modificações que refletem a entrada do modelo na turma dos crossover. O modelo anterior, mais SUV, tinha uma característica mais despojada, por isso não trazia muitos caprichos. No novo CR-V a história é diferente. O painel já deixa isso evidenciado de imediato com a novidade do friso laqueado decorativo, que percorre toda a peça. Há também detalhes cromados e os bancos vêm com revestimento de couro. O vão livre central entre os bancos dianteiros deixou de existir, permitindo a eliminação do freio de estacionamento por pedal. Para isso a Honda adotou a solução da alavanca do console, já que ele voltou a existir neste carro.
Impressões ao dirigir
O CR-V seria mais divertido se fosse mais potente, mas acelerar com vigor não é o seu propósito. Trata-se de um veículo pacato de conduzir, além de ser ágil e contar com uma posição de condução elevada, o que aumenta o campo visual e a sensação de segurança.
Na quarta geração, a Honda manteve o mesmo motor 2.0 da linha passada, mas efetuou certas mudanças – a marca não traz a versão 2.4 disponivel em outros países devido a questões tributarias no Brasil; veículos com motores maiores que 2.0 pagam mais impostos.
Segundo a montadora, o bloco 2.0 16V i-VTEC (com comandos variáveis de admissão e escape, para reduzir o consumo) foi revisado para gerar mais potência, mas nem tanto. A cavalaria saltou de 150 cv para 155 cv, ao passo que o torque máximo foi mantido em 19,4 kgfm. Resumindo, a mudança neste ponto é sutil. O câmbio automático de 5 marchas é outra parte do CR-V que não muda. Já é hora dele ter ao menos comando sequencial.
Em contrapartida, a dirigibilidade do CR-V ficou mais apurada, uma vez que o centro de gravidade baixou com a redução da altura do veículo em 4 cm (ele mede 1,65 metros). Essa alteração deixou o veículo mais estável, principalmente em curvas acentuadas. A Honda também melhorou o funcionamento da suspensão, tornando o carro mais confortável e o ruído do motor só invade a cabine acima dos 4.000 rpm. Ou seja, raramente.
A condição de condução ainda varia de acordo com a versão. O LX vem com tração apenas nas rodas dianteiras, o que torna seu comportamento mais permissivo a possíveis escapadas de traseira. Na opção ELX isso dificilmente acontece pois há tração 4x4 por demanda, sistema que envia mais torque justamente para as rodas com melhores condições de tracionamento. É melhor para andar na terra, apesar de não ser a vocação do CR-V 2012, e torna a direção mais segura em pisos pavimentados.
Recursos eletrônicos
Todo carro japonês que se preze tem algum agrado eletrônico. O novo CR-V, nas versões LX e ELX, vem com dois itens interessantes. O primeiro é a central multimídia i-MID, que reúne GPS, câmera de ré e sistema de áudio com leitor de CD, DVD, MP3 e com entradas USB e para iPod.
O outro recurso é o sistema ECON, que ao ser acionado, por meio de um botão verde no lado esquerdo do painel, altera as respostas de motor, câmbio e ar-condicionado para reduzir o consumo de gasolina. Pela contas da marca, a redução pode passar dos 20%.
A lista de equipamentos de série do CR-V 2012 inclui ainda airbags frontais e laterais, controles eletrônicos de tração e estabilidade (VSA) e o sistema Hill Start, que auxilia em partidas em aclives e declives.
CR-V manual
Outra novidade no CR-V é a opção de entrada LX com transmissão manual de 5 marchas, que também é boa pedida. A posição elevada da alavanca e o pedal de embreagem de acionamento muito leve fazem desta versão um veículo até divertido. Tem-se a sensação de ter o carro “na mão” ao controlar o engate das marchas. O desempenho do modelo com câmbio mecânico é ligeiramente superior ao das versões automáticas.
O crossover na opção manual custa R$ 84.700. Já o CR-V LX automático é tabelado em R$ 87.900 e o ELX (somente AT) saí por R$ 103.200. Comparado a geração passada, os valores subiram cerca de R$ 2.000 na versão de acesso enquanto o valor do modelo top de linha subiu exatos R$ 5.820. É o preço da evolução.