No ano do recorde de vendas de carros no Brasil a Honda foi exceção. A montadora japonesa viu seus carros patinarem no mercado e foi das poucas que não tiverem crescimento acima da média. Pelo contrário: se não fosse a boa aceitação do crossover mexicano CR-V, o resultado teria sido muito pior.
A competição mais acirrada foi uma das causas, mas uma estratégia equivocada da marca também contribuiu para colocá-la numa situação defensiva. Desde o lançamento do primeiro Fit, em 2003, a Honda vivia de bem com o consumidor. Seus carros eram tão desejados que mesmo mais caros e com ágio praticado pelas concessionárias, mantinham filas de espera. Foi assim com o New Civic em 2006 e com o New Fit em 2008.
Mas a chegada do sedã City inverteu essa lógica. Caro, o modelo foi lançado com preços próximos aos do Civic, um sedã mais sofisticado e maior. Pela primeira vez, a Honda precisou oferecer descontos para um lançamento, o que acabou refletindo nas vendas tanto do Civic quanto do Fit, modelo com o qual o City compartilha diversas peças.
No fim, quem ganhou foi a concorrência. A Toyota viu seu Corolla passar o Civic e até o Fit acabou pagando, ao fechar 2010 com pouco mais de 40 mil emplacamentos, 16% a menos quem em 2009.
Depenado
Assim como fez com o City no ano passado, a Honda tenta agora uma tática extrema: acaba de lançar uma nova versão do Fit, a DX, que passa a ser a mais barata da linha simplesmente por perder itens de série. Vendida com câmbio manual ou automático, o modelo perdeu as rodas de liga leve substituídas por calotas, e o rádio de série. Com isso, o preço caiu de R$ 54.905 para R$ 51.805 no manual e R$ 58.905 para R$ 55.805 no automático, ou R$ 3.100 a menos.
Valores de tabela afinal em dezembro o Fit LX era vendido em promoção por R$ 49.900 em algumas lojas da marca. Se a ação dará resultado não se sabe, mas a Honda já tem uma outra carta na manga: no meio deste ano o Fit ganhará sua primeira reestilização, com pequenas mudanças mas que podem ajudar o monovolume a recuperar o terreno perdido.